"Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água, pedra, sapo. Entendo bem o sotaque das águas. Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos, como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios."
Manoel de Barros
Maisa Maciel
9h19
1 comentários:
"... e aquele que não morou nunca em seus próprios abismos, nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas não foi marcado. Não será marcado. Nunca será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema. " Manoel de Barros
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