Temporal
ou
Quem chora
Pedras preciosas que se quebram no chão
Pétalas de rosas jogadas ao vento
Anunciam o temporal...
Você pára, desmorona,
Deixa a chuva cair
deixa o beijo frio da noite
o choro sombrio dos céus
cair,
deixa descer e
molhar a sua boca
encharcando cada ranhura dos teus lábios vermelhos.
Você passa levemente a língua,
sente a gotícula
sente o gosto do frio no quente...
Porque o desejo é assim
ele nasce ébrio
na (im)percepção
meticulosa
das coisas.
Não vá!
Então você dispara e corre,
sai pulando por entre as poças d'água
até que o corpo esteja todo molhado,
um verdadeiro
lamaçal.
Você cai e não levanta
e no ar que lhe falta é quando pensa:
Alguém se atém a vida?
Ela passa e leva
como a água
as suas marcas,
ela escoa
nas rebentas e valas
das suas lembranças...
Agora o temporal se foi
e é você quem chora,
porque sabe
que o próximo passo
é não estar mais ali.
Maisa Maciel
02h27
08.03.15