Ontem eu estava no laboratório conferindo os sistemas e tudo parecia normal e rotineiro. Nada além da expectativa de mais um dia repleto de aulas e conhecimento. Mas, o cheiro do café foi entrando pouco a pouco por todos os cômodos e exalando aquela paz matinal... A alma foi abraçando o dia, o momento... Cada vez com mais ternura. Eu adoro isso! Nossa, como eu adoro isso... É sublime, é quase um ritual, é o meu contato com as sutilezas desses diferenciais, numa manhã que poderia ser apenas, chamada de rotina.
Quase sete horas e os passos apressados na rua corriam sentido à PUC. Mentes cheias, mentes alheias, mentes filosóficas... E dentre elas estava a minha, tão curiosa e engraçada até, por remeter-se em condições e momentos completamente aleatórios.
Tinham sete ou dez artesanatos hippies perfeitamente espalhados pelas árvores na rua... Perdizes voavam e cantavam nos galhos ao lado deles. Que cena linda! Eram suas magníficas canções de bom dia que soavam as notas artísticas do amanhecer.
Fiquei uns dez ou quinze minutos observando todo esse enleio, não lembro bem o tempo. Certamente, nessas horas o que importa mesmo é não "contar o tempo", desprender-se do relógio humano, daquele tic-tac absurdo que controla nossas vidas. Eu gosto da precisão de outro tempo... Do tempo dos jardins, dos pássaros, do céu claro, das mentes, das artes... Eu gosto do tempo de coexistir. E essa foi a abertura que o dia me proporcionou ontem. Um arranjo extraordinário! E, como todo bom espetáculo, teve desfecho ainda melhor. O sol espreitando-se por entre as frestas das nuvens fez a vida pintar um quadro no céu, bem diante dos meus olhos. Foram os laços da arte em frações de segundos perpetuando a natureza.
Eu sei que daqui uma semana não estarei mais sentindo o ar fresco do jardim. Sei que não vou mais repousar naquele banco, todos os dias às treze horas ou treze e trinta. Não encostarei mais a cabeça na parede deixando o calor do brilho do sol aquecer o rosto e recarregar toda a minha espiritualidade, toda a minha energia.
Sei também, que não ficarei mais devaneando e escrevendo mil textos entre os cortejos das folhas de tons rosáceos que caem ao chão.
Já estou com saudades do cheiro do café, do jardim e do som das perdizes.
No entanto, sei que passei momentos intensamente incríveis nesse lugar majestoso.
Momentos estes,
que ficarão armazenados como
flashes de inspiração cotidiana,
e servirão de impulso para outras realidades que estão por vir.
Um grande abraço à todos os colegas!
Que sigam com equilíbrio entre a força e a tranquilidade
em todos os sentimentos necessários
para a condução dessa jornada
tão enigmática e maravilhosa
que é a vida.
Thanks a lot!
Maisa Maciel
11h12
16.09.16