Monólogos: O Pai

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Monólogos: O Pai


Parte I




      Eu sempre fui um louco, maluco imaginário e ela a mãe dos meus filhos. As crianças brincando na sala e eu pareço um apartado sentado nessa cadeira velha... Olha lá, eles pensando em tudo menos em mim... Mas, eu gosto disso, digo, gosto de controlar tudo sem que percebam a minha presença. É que me sinto mais do que humano sabe... Nossa, mais do que humano? Que besteira! Besteira? Essa é a minha maneira... Livro na mão direita, no qual às vezes apoio o queixo, pernas cruzadas... Eu sempre, sempre fico com as pernas assim, e não tem relação alguma com aquela velha estória de que quando cruzamos as pernas é porque não estamos receptivos ao ambiente ou outrem, ou sei lá o quê... Me parece elegante, gentil e tranquilo, gosto que me vejam assim. Será que ele terá mais do meu jeito? Não sei não, a cada dia que passa está idêntico a personalidade da mãe, e cá entre nós, eu admiro isso. Esses dias estava todo empolgado contando que tinha um brinquedo novo, um que tanto queria e que era do amigo, mas que por uma oferta de outro que não lhe faria falta, trocou com o amiguinho...Tem cabimento? Essa criança vivendo suas primeiras sutis habilidades para o mundo dos negócios, da persuasão, e eu aqui, sentado estudando as almas, os pensamentos, a vida que não se vê passar e que só passa nos olhos de quem pára pra ver mesmo. Ahh, é isso! É exatamente isso que eu queria que ele sentisse, essa oportunidade presa aos detalhes por observar, simplesmente observar mais as coisas... Crianças rs. Mas essa, essa é a minha garotinha! Sabe como se perder no mundo da imaginação. É engraçado... Olha só ela brincando no seu mundinho imenso de si, tão pequeno no coração de menina e tão grande de lugares, possibilidades... E aquele em seu rosto é meu óculos velho. Linda! Ela sorri e partilha dessa armação que me rendeu visão para uma infinidade de coisas, que viu perplexa os meus fardos na vida e brilhou com cada conquista. Anjinho, anjinho, mal sabe que essa armação já esteve embaçada e com algumas lágrimas quando meus olhos esbanjaram a alegria de te ver nascer... E que de uma forma maravilhosa faz a vida nascer aos teus olhos agora... Crianças rs. Vai brinca! Vive criança! E ela faz muito mais do que isso... Bom, e assim a vida passa por todas as vidas de lembranças e detalhes.
- Vamos jantar?
(Risos) Essa mulher sabe... Sabe exatamente como eu gosto que as coisas fiquem dispostas à mesa.


Maisa Maciel
00h32
23.12.14
Trecho do 
meu Livro 
em andamento.

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