Entrelinhas ou Velho maldito

sábado, 21 de novembro de 2015


Entrelinhas

ou

                      Velho Maldito




Dizem que sou um velho maldito...

Sei que me tornei o espório da sociedade
que sempre detestei padrões,
que o mundo não precisa de formas
e eu nunca fui forma pra servir de modelo
nas decisões de ninguém.

Eu sei que mudei,
e na minha inquietude agradeço
se de nada acrescentei,
pois de tudo me apascentei e servi...
Me servi, me cerquei de vida
e não me enchi de hipocrisias para enjoar até cair
como caem vocês e as suas mulheres por aí.
E como você é, você cai, seja lá em pensamento
homem desatento que fingi não mentir,
e finge tão bem...

E eu não vou sentar na rede ou na cadeira de balanço
e descascar laranja ou picar fumo.
Que desgosto ser velho
e viver de velharia.
De encosto já me bastam as maledicências vividas
presas às costas que me envergam os ossos
e nada posso fazer.

Velho ranzinza, talvez,
porque alguma coisa deve ser assumida
e de tudo que aprovo,
eis a libertação da verdade!
Coitada, a verdade não é ruim.
Ela é tão plena e correta que as pessoas não suportam
e precisam criar enredos
com base em suas necessidades e preferências.
Pois, eu prefiro aceitar,
aceitar que sou velho
que estou fatigado
e que mesmo assim, amo viver.

Sou confuso, não doido, confuso...
Sou teu pai
teu avô
a marca do teu nome
a herança dos teus filhos
parte da sua história...
Aquela que você não conhece,
mas que sem ela
jamais teria existido.
Então, na loucura eu pergunto:
Quem é o velho maldito?

Talvez eu esteja mesmo velho e fatigado de minhas experiências,
mas veja bem...
A vida nem começou!
Que a mente seja livre.
Maisa Maciel
21h33
21.11.15

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