Brilho interno ou A luz da livraria

sexta-feira, 8 de julho de 2016


Brilho interno

ou

                           A luz da livraria



Brilha no fundo do teto
Na malha do gesso,
brilha num canto
anco, manco
de sorriso geométrico
uma luz desatina
E no aço
um traço sem forma
Que passo agora
a montar
Ilumina o livro
Ilumina a moça
Ilumina o ar

Aquece o concreto
Ilumina a mente
Quem sente
Que bate lá dentro
A luz do bicho
Medonho
Louco, gritando a pular

O bicho
do medo no ensejo
da reza oriunda
em que cantam
os verbos atônitos
nas bocas das páginas
dos livros
soltos
nos olhos, nas mãos
na arte de estar

Do brilho que surge
e urde a voz do escritor
do leitor
prosador
que se encontra
no estado
inacabado
iluminado
de habitar

Nessa luz que ecoa
e desperta
e mostra
o intento eterno
do brilho
interno
de ler e criar
de ser e falar

Na voz do poeta
da fresta
tão sua,
tão nossa,
que sempre há
e haverá
nos montes de caminhos
da vida em ninhos
histórias infindas
pra contar

Meu bem,
sob a luz da livraria
a arte é amar.

Maisa Maciel
08.07.16
10h59

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