Badulaques

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


'' Foi assim que se fez a Via Dolorosa,
A avenida ensombrada e triste da Saudade,
Onde se arrasta, à noite, a procissão chorosa
Dos órfãos do carinho e da felicidade."



Era noite decaída em meu mundo provisório...
Cambaleante surgia um corpo sem luz arrastado pelo breu predador do ocaso cavando vagos retratos de um passado temível, digo uns ais definhando. No chão minha face que aparecia, era o turvo reflexo da pessoa inanimada, sim, pobre desarrazoada com as mãos amarradas e a boca selada esperando o fim. Avistei a casa na curva esquecida... Outrora presenciada de forma alegre... Agora, sutilmente dolorosa talvez moldando aquele caminho ruído por sombras que só permanecem nesse mundo. Então fui ao quarto com rosto sem aspecto inclinando levemente o bestunto rumo àquela melodia... Gritei inutilmente pela pessoa que não viria, que não veria minha vida selada aos seus pés e olhares dolentes pelo seu amor... Chorei em vão... Após tanto esforço cogitei a verdade são dois mundos distintos pra eternamente morrer de saudade vertendo inspiração nas lembranças que me restam. Porque tu repudias qualquer possibilidade chamando este amor de badulaques, sendo que sempre, sempre foi seu. Agradeço o descaso.
-Lembrarei tua presença, dores da ausência, fim de quem ama. Que o tempo não transforme sua imagem no que destruiu essa história... Badulaques.

Maisa Maciel


Significado - Badulaques: Coisas sem valor.
(Obs.: Pergunte-se: Deixo que coisas sem valor interfiram na minha vida? Quais são os valores da minha vida?)

Espero que tenham gostado, obrigada!

Olávo Bilac

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

''Quando a primeira vez a harmonia secreta
De uma lira acordou, gemendo, a terra inteira,
- Dentro do coração do primeiro poeta
Desabrochou a flor da lágrima primeira.

E o poeta sentiu os olhos rasos de água;
Subiu-lhe â boca, ansioso, o primeiro queixume:
Tinha nascido a flor da Paixão e da Mágoa,
Que possui, como a rosa, espinhos e perfume.

E na terra, por onde o sonhador passava,
Ia a roxa corola espalhando as sementes:
De modo que, a brilhar, pelo solo ficava
Uma vegetação de lágrimas ardentes.

Foi assim que se fez a Via Dolorosa,
A avenida ensombrada e triste da Saudade,
Onde se arrasta, à noite, a procissão chorosa
Dos órfãos do carinho e da felicidade.''
[..]


Sim,o ourives da linguagem 
revela (nossas) confissões... que sempre 
morreram na garganta. [by: Maisa]


Pablo Neruda

Cem Sonetos de Amor - Pablo Neruda

                        Soneto VI

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
e aos lábios, sedento, levantei seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino fendido ou um coração cortado.

Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um grito ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida escuridão das folhas.

Por ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
e seu vagante olor subiu por meu critério

como se me buscassem de repente as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e me detive ferido pelo aroma errante.

Carlos Drummond de Andrade


Consolo na praia


Vamos, não chores
A infância está perdida
Mas a vida não se perdeu
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras
Em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
Murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
Precipitar-te de vez nas águas. [...]

Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Mario Quintana

''Canção do Amor imprevisto
O mundo me tornou...
E a minha poesia é um vício triste.''

[...]

''Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.''

" Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo também mais nada, só te olhar, enquanto a realidade é simples, e isto apenas".

Guimarães Rosa

''O espelho''

[...] A escolha se deve, entre outras coisas, pelas aproximações ... palavras, alteram-se o olhar e o agir sobre o mundo. [...]



Cronologia Literária

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Romantismo - Literatura

A Revelação
Mario Quintana

Um bom poema é aquele que nos dá a
impressão de que está lendo a gente...
e não a gente a ele!

Quando li este verso espontaneamente caracterizei como minha paixão pela Literatura (em especial Romantismo). Interessante destacar o 'poder' que a linguagem exerce em suas formas, na visão além do óbvio e assim vai dominando o que chamamos de ser humano. [...]
Na verdade nem todos pensam assim ou ainda não tiveram a oportunidade de entender o assunto. Portanto, espero que o resumo abaixo ajude nesse aspecto.

Romantismo
O Romantismo, como escola literária, predomina na Europa na primeira metade do século XIX. Seu surgimento, porém, acontece no período imediatamente posterior a Revolução Francesa. As características árcades serão frontalmente desafiadas pela nova orientação cultural associada ao Romantismo, que prega a livre expressão das emoções humanas
No Romantismo tudo é mais exagerado, o homem vive e morre intensamente. Existe um apelo quanto a imaginação e uma fuga da realidade (minha parte preferida, denominada Escapismo: onde o mundo real é sempre uma frustração de seus idealismos e sonhos). 
O medo do presente, que o repele e ridiculariza, faz com que o artista romântico busque refúgio no sonho, com a criação de utopias (pessoais e sociais), ou volte-se para o passado, agora idealizado, como fonte de inspiração.
Surge então a segunda geração romântica marcada por uma postura de exagero sentimental que a torna inconfundível.
Também uma natureza tempestuosa e soturna, assim defini-se o cenário preferido pelos poetas ultra-românticos. (Mal-do-século)
Por fim, os romances desenvolvidos após a década de 1860 marcam uma nova perspectiva: indícios de maior aproximação com a realidade (terceira geração romântica).

Bom, escrevi o que aprendi e lembrei. Super resumido...mas continua [...]

(obs: Foto - Naufrágio de Claude Joseph Vernet, 1759. Óleo sobre tela. Cenário preferido dos ultra românticos)
Obrigada!
  Maisa Maciel Rodrigues  


Machado de Assis


Dom Casmurro

A história se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império,
e conta a trajetória de Bentinho e Capitu.
É um romance psicológico, narrado em primeira pessoa
por Bentinho, o que permite manter questões sem e
lucidação até o final, já que a história conta apenas
com a perspectiva subjetiva de Bentinho.
O romance Dom Casmurro além de estar entre as grandes
obras da Literatura Brasileira,
é considerado como a obra-prima de Machado de Assis.


Memórias póstumas de Brás Cubas

É um romance do escritor brasileiro Machado de Assis, considerado divisor de águas em sua carreira. O livro costuma ser associado à introdução do Realismo no Brasil. É narrado em primeira pessoa pelo personagem Brás Cubas, que em tom irônico e sarcástico, descreve sua biografia e suas obras.


(obs: Lindos, lindos...)

Johann Wolfgang von Goethe


Johann Wolfgang von Goethe


Franz Kafka


(Ao ler pergunte-se: Até que ponto o homem pode se humilhar?)

William Shakespeare


Romeu e Julieta (em inglês Romeo and Juliet) é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. A peça ficou entre as mais populares na época de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento dos dois jovens é considerado como o arquétipo do amor juvenil.

(Demorei um pouco pra ler o livro, devido o tamanho, mas foi uma leitura excepcional!)

Jorge Amado

NOITE DOS “CAPITÃES DA AREIA”

A cidade dormiu cedo.
A lua ilumina o céu, vem a voz de um negro do mar em frente.
Canta a amargura da sua vida desde que a amada se foi.
No trapiche as crianças já dormem.

A paz da noite envolve os esposos.
O amor é sempre doce e bom, mesmo quando a morte está próxima.
Os corpos não se balançam mais no ritmo do amor.
Mas no coração dos dois meninos não há nenhum medo.
Somente paz, a paz da noite da Bahia.

[...]

(Professora Sandra Regina...obg pelo apoio durante minha 8ª série...o trabalho sobre Jorge Amado >Inesquecível)

Maisa Maciel


Texto Publicado no Livro:

"Jardim Santo André, ontem e hoje"  (editora Espaço Idea) - Pág.184 > Meu poema .

Quase
ou o despertar em mim

[...]
Maisa Maciel Rodrigues

(Elaboração: Iniciativa de preparar este trabalho (um sonho para todos, creio) valorizando o bairro em que estamos situados.)


Flávio Mello


LHE CHAMARAM DE SEMUSA

ou ó musa de todo santo dia

Esculpiu o corpo delgado em barro, com todos os traços, um a um... tão bem modelados, olhos pro horizonte, o dia confuso tentando raiar, é o que o santeiro faz por não ter na escrita a poesia do modelar em barro sua poesia, mas sabe o que lhe espera antes do forno, e antes das tintas, todas tão sublimes e suaves como a modelo, que ignora ser sua musa. E lá esta ela na pensão, serve, se serve de servente, toda tão feminina como a gazela que bebe do riacho límpido do tempo.


E é com o tempo que o santeiro duela feito espartano, o barro mole, molhado, cor de terra, ainda sem vida, nada representa da fêmea, mas na mente do adestrador de forma, sua imagem está santificada, toda ela, em uma gama surpreendente de tons, cores que rouba da natureza ao criar das plantas, sementes e flores as cores que o pincel grosso e sisudo se aflorarão.

[...]

(Não postarei tudo...quero que leiam as obras do autor... : http://www.escritorflaviomello.blogspot.com/)








Nova Antologia Poética - Vinicius de Moraes (2ª edição)

Soneto de Fidelidade


Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Página do Autor: http://www.viniciusdemoraes.com.br/)

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