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Um dia que se fez eterno
ou
"O diferente"
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As escadas serviam de alento para aquela menina de traços fundos tão bem marcados por um ar misterioso, e era nesse instante que sentia o vento beijar-lhe a face, levemente sussurrando na imensidão do silêncio. E o vento pairava cada vez mais percorrendo a criança, percorrendo seu olhar, suas mãos e o solo no qual brincava com folhas secas. Ela girava e sorria com os braços abertos fitando o céu à espera das folhas que estavam por cair... Foi quando percebeu que dentre tantas folhas secas presas aos galhos havia "algo diferente". Menina misteriosa que era, começou a pular com um graveto na mão e a esticar, e a erguer os braços numa agitação contínua de um canto ao outro, mas "o diferente" parecia brincar com ela... Nada caiu, nada aconteceu. E ela estava tão cansada que prostrou-se ao chão para ser afagada pela multidão de folhas secas, e observar coisas por entre as árvores excessivamente velhas. Talvez a menina recebesse resposta ou alívio, não se sabe, nunca se sabe, afinal tudo era tão redentor.
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A construção dos seus sentimentos, dos seus pensamentos, iam embora com a tarde que levava o calor desejoso do sol ao banhar sua pele. Então, inclinou calmamente sua cabeça rumo aos últimos feixes de luz que aos poucos ofuscavam o olhar. Levantou-se e ficou cambaleante quase sem forças... Fincou o graveto oco e vulnerável, igual a ela naquele momento, em solo arenoso e respirou a poeira macilenta que embriagou-a... Tossindo, to-to-tossindo, tirou com dificuldade seu penduricalho do pescoço e amarrou-o no graveto como sinal de importância de um legado para o momento vivido... E seguiu às vezes olhando para trás, às vezes para o céu, mas sempre pensando no misterioso e curioso "diferente". Assim, seus pés empoeirados seguiram por entre a mata, e mal sabia a menina que deixava vestígios pelo caminho, vestígios derramados no solo que um dia se fez eterno para poder dizer que ela nunca esteve sozinha.
Maisa Maciel
20h50
10/08/14
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